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"Aprende-se a escrever, lendo. E também é necessária uma grande humildade face ao material da escrita. É a mão que escreve. A nossa mão é mais inteligente do que nós. Não é o autor que tem de ser inteligente, é a obra. O autor não escreve tão bem quanto os livros."
António Lobo Antunes

Monday 22 February 2010

Aqui te Guardo

Deleito-me sobre os lençois onde ainda pesa o teu cheiro. Agarro-me aquilo que posso para que a tua partida nao seja penosa. Nao durmo, 05.02 marca o relógio e nem um bocejar de sono se encontra em mim. Esta cama, é um berço onde nasceram sonhos, fizeram-se planos, construiram-se listas e esboços de sonhos e devaneios. Nossos. O que neste berço se esconde fomos nós que criámos, que idealizámos com inocência e amor. Não existe nada mais puro.
A chuva que oiço a bater no varandine arrasta o vento que bate violentamente no estoro, parecem nao terem gostado da tua partida. Desde que partiste que nao param. Deixas rastos, vestigios para que me lembre de ti, marcas o teu espaço e tornas-o um pouco teu, tornando-o nosso. Não sou perfeita, e com tristeza digo isto, todas as almas querem ser perfeitas. A minha alma ainda nao cresceu, por isso ainda riu de banalidades futéis e sem sentido, mas que para mim teem um sabor diferente. Não sou aquilo que sonhaste, tornar-me-ei naquilo que idealizamos, que eu também idealizo. Eu nao pertenço aqui, esta gente nao me conheçe, os cafes e as risadas nao teem o verdadeiro gosto de quando me encontro em casa, entre os meus. Esta nao é a minha casa, a unica coisa que me vai custar largar é este berço onde repouso. Imagino as lágrimas que me cairão quando olhar para este berço pela ultima vez, quando o abandonar, pois lembrar-me-ei de tudo o que aqui vivi. Quero que leves contigo o que aqui te ensino pois será aqui que vamos aprender a crescer como um só. Que a chuva lave o que mau se passou.


Guarda o que daqui levas,
pois eu,
meu amor,
aqui te Guardo.

Monday 1 February 2010

Dados

Gostava de te olhar nos olhos e conseguir seriamente ler o que por ai vai, sem ter que me justificar e sem ter que "bater à porta" antes de entrar. Gostava de saber o que sentes e o que pensas quando te rejeito, e quando te mando embora. Quando te digo coisas feias e te faço ficar irritado. Gostava de perceber seriamente quem tu és quando eu te deixo realmente fulo. Sem máscaras e sem esconder verdadeiramente quem és. Quer queiras quer não, todos nos escondemos e todos nos controlamos para não sairmos dos carris e para não fazermos má figurante perante o outro. Não és diferente...pois não és mesmo, nem tu nem eu. Revela-te, mostra-me o teu verdadeiro sim, nos momentos bons e maus. Eu preciso saber realmente quem tu és.

- Queres mesmo entrar nesse jogo ?
- É claro que quero, preciso mesmo descobrir-te para te deixar entrar.
- Prometo que vou fazer tudo por tudo para não me controlar, e com o tempo vais descobrir um novo eu!
- Prometes ?
- Está prometido, mas depois não digas que não te avisei que o jogo era perigoso!
- Estou disposta a arriscar!
- Lanças tu os dados ou lanço eu ?
- Tu!
- Estão lançados!