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"Aprende-se a escrever, lendo. E também é necessária uma grande humildade face ao material da escrita. É a mão que escreve. A nossa mão é mais inteligente do que nós. Não é o autor que tem de ser inteligente, é a obra. O autor não escreve tão bem quanto os livros."
António Lobo Antunes

Monday, 17 May 2010

Cansada.

Mais um dia, de puro cansaço. Sentada no canto de sala onde bate sempre o sol, sozinha no meio de demasiada gente canso-me. Esta rotina que não pareçe ter fim já não puxa por mim, so insiste em que me deixe ir com a corrente. Sonho, durmo, idealizo, perco-me e pergunto-me com o que ando a sonhar, o que ando a fazer. Não entendo o sentido de um dia-a-dia sem sentido, escuro e sombrio. Os meus olhos pesam como se neles pesassem todos os males do mundo, vermelhos do cansaço, tento mantê-los abertos nem que seja por mais um pouco, mas a vontade é pouca e o mundo não ajuda a querer mantê-los abertos. Foi um dia banal como tantos outros, nada de novo, tudo igual. Nada de excitante, nada de divertimento apenas o aborrecimento de mãos dadas com o cansaço me fazem companhia. Ainda ontem cheguei e já sinto falta de casa. Falta da minha gente, da minha cidade, dos meus lençois. Não pertenço aqui, nunca pertenci. Só estou aqui a tentar construir os alicerces para a minha vida, um futuro para construir tudo o que quero. Por cá fico, apenas espero algo novo, radioso que me impulsione a ter vontade de algo mais. Mas estou sozinha, completamente sozinha.

Vou partir para um mundo onde não sinto cansaço, o meu mundo, o mundo dos sonhos.

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