Um dia pegas-me na mão e levas-me. Levas-me para lugar nenhum, levas-me sem destino. Levas-me contigo, só, sem mais nada. Um dia deixamos tudo e fugimos juntos.
Um dia andamos, andamos, andamos por aí. E rimo-nos. Como se nada mais existisse além de nós e da nossa presença. Um dia perdemos a timidez e dançamos no meio da rua, descalços e sem música. Dançamos ao nosso som; eu fecho os olhos e tu conduzes-me. E fazes-me rodopiar, em bicos de pés, para te acompanhar. E agarras-me.Um dia devoro-te as palavras.
Um dia interrompo-te, para te dizer que gosto de ti. Noutro dia deixo-te falar e presto a máxima atenção; um dia vais para falar e eu calo-te com um beijo; noutro dia confundo-te com um a meio de uma frase. Um dia deixo-te sem saberes o que dizer. Pelo lado bom. Um dia ficamos à chuva, no jardim, parados, a sentir as gotas. Outro dia ficamos à sombra a refrescar do sol quente.
Um dia o mar será só nosso. E o céu. Um dia mergulhamos no mar de noite e voamos de dia.
Um dia enrolamo-nos com a areia nas ondas da praia ao sabor do vento, do sol e do sal.
Um dia abraças-me e não largas. Um dia ficas comigo depois da hora de ir embora, e não vais.
Um dia hás-de não ir embora, e ficar.Um dia serás como sempre quiseste ser. Um dia dirás tudo o que deixaste por dizer. O que dizes não será só o que dizes, mas será o que fazes. E eu continuarei a ser tua, como sempre disseste.
Quando será "o" dia?
Sunday, 7 December 2008
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